Na tarde desta terça-feira, 17 de setembro, um ato simbólico marcou o XI Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI), em protesto contra as queimadas que assolam o Distrito Federal e diversas regiões do Brasil. Devido à má qualidade do ar em Brasília, consequência dos incêndios que avançam pelo Parque Nacional, as atividades esportivas programadas para o evento foram canceladas.
Estudantes de diferentes estados, que viajaram para participar dos jogos e confraternizar com suas equipes, expressaram frustração. O grupo acampado ao lado do Centro Cultural Athos Bulcão, na Universidade de Brasília (UnB), relatou dificuldades para dormir, já que a fumaça densa tomou conta das barracas, agravando a situação.
"Passamos a noite em claro, não conseguimos dormir por causa da fumaça. Pensava que as queimadas estavam mais concentradas no meu estado, mas estão aqui também. É por isso que devemos lutar pela preservação da nossa mãe Terra", afirmou Vania Krikati, estudante da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
A decisão de cancelar as atividades esportivas foi tomada em conjunto com representantes das delegações, informou a organização do ENEI. Além de ser uma medida necessária para a saúde dos participantes, o cancelamento foi visto como um gesto de alerta sobre os impactos devastadores das queimadas nos biomas e na vida humana.
Dinei Arapium, estudante indígena da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), reforçou o protesto: "É muito triste termos que nos mobilizar por causa da destruição que está acontecendo no nosso país. Nós, povos indígenas, somos os guardiões da natureza, mas somos também os mais afetados. Hoje seria um dia de celebração por meio do esporte, mas estamos cancelando o jogo porque mal conseguimos respirar. É doloroso ver nossa mãe Terra sofrer dessa forma."
A marcha prevista para amanhã, 18 de setembro, também foi cancelada em razão das condições climáticas. A programação da tarde, que incluiria mais um dia de jogos, foi substituída por uma mesa de debate intitulada "Diálogos, desafios e perspectivas do movimento estudantil indígena no Brasil".
Em resposta às dificuldades enfrentadas pelos participantes, a coordenação do evento distribuiu máscaras cirúrgicas e mantém uma equipe médica de plantão no local.
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